Teologia do Sofrimento: quando a fé é sadomasoquista
Algo que está arraigado em nossa sociedade é a ideia quase axiomática de que a bondade faz parte das religiões. Para a maioria esmagadora das pessoas, se é religioso, é bondoso. Os neo-pentecostais denunciados pela mídia e os fundamentalistas islâmicos tentaram romper esse falso mito, mas outras crenças ainda seguem tranquilas com a sua falsa bondade que lhes serve de escudo para possíveis críticas. Religiosos sabem que quem acredita em absurdos sem lógica são altamente vulneráveis à críticas.
Mas como eu disse, a bondade das religiões é uma farsa. Além do fato da filantropia religiosa ser apenas consoladora e portanto, paliativa (e uma caridade paliativa é uma caridade malfeita), há um lado perverso das religiões, sobretudo as cristãs, que merece ser denunciado.
Há um setor da Igreja Católica que defende a chamada Teologia do Sofrimento. Baseada na interpretação errada do martírio de Jesus, essa teologia defende a tese de que a felicidade depende do sofrimento. A felicidade, segundo a Teologia do Sofrimento é sempre para o futuro e o presente deve ser apenas de sofrimento.
A Teologia do Sofrimento é na verdade uma ideologia sádica e sem lógica. Sádica para quem defende, masoquista para quem acredita nela. Foi lançada por Teresa de Lisieux e difundida por Madre Teresa de Calcutá e por Chico Xavier (um católico que se intrometeu no "Espiritismo" brasileiro, causando imenso estrago na doutrina) e é também defendida, com outros nomes, por esportistas e por lideranças capitalistas. Para quem defende, o sofrimento em si eleva a alma, embora a lógica demonstre que não a dor, mas o desejo de sair da dor é que eleva.
Como teologia estruturada, é relativamente recente. Mas antes dela, a ideia de que sofrer dignifica fez com que a Igreja Católica cometesse suas atrocidades, muito conhecidas na Idade Média. Mesmo não mencionada em forma de teologia, a ideia de que o sofrimento purifica fez com que houvesse a inquisição e as Cruzadas, causando inúmeras mortes, muitas delas com requintes de crueldade. Mesmo que não assuma, a Teologia do Sofrimento, surgida bem depois, legitima as práticas cruéis do mais retrógrado Catolicismo.
E o "Espiritismo" brasileiro, liderado por um padre jesuíta, Emmanuel, que nunca se libertou de suas convicções medievais, recuperou todo o lado infeliz dominante na Idade Média. E a Teologia do Sofrimento importada pelo católico Chico Xavier veio para que a doutrina já deturpada pudesse também estimular que outras pessoas sofram, acrescentando a essa teologia a ideia de reencarnação. Ou seja, felicidade, só na próxima reencarnação. E se a próxima chegar, felicidade só na conseguinte. Sempre adiando a felicidade.
Ou seja, a teologia do Sofrimento ainda é uma ideologia malandra, que vive adiando a felicidade. Você só será feliz no futuro e quando o futuro virar presente, adia-se essa felicidade para outro futuro e assim por diante. Ou seja, segundo a Teologia do Sofrimento, VOCÊ NUNCA SERÁ FELIZ: A FELICIDADE É UMA UTOPIA. Se a felicidade é sempre adiada, a lógica argumenta que ela nunca chegará. O sofrimento sera eterno segundo a Teologia do Sofrimento e tudo que você tem que fazer e aceitar a dor, de preferencia sorrindo e sem gemer. Ou seja, é uma teologia cruel, matando de uma vez o falso estereótipo de que as religiões cristãs são somente bondade pura.
A Teologia do Sofrimento faz com que as religiões percam adeptos todos os dias. Claro que a ilógica das religiões vai matar todas as crenças em um futuro relativamente remoto. Mas com absoluta certeza, uma pessoa com o bom senso desenvolvido não vai querer cair nessa tolice sádica de que sofrer eleva e traz dignidade. Pois a unica coisa que a dor é capaz de trazer é a própria dor. Até que alguém decida se livrar dessa dor.
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