Fracasso da "Marcha para Satanás" se deu porque religiosos não entenderam a ironia
Religiosos são teimosos e irredutíveis. Por acreditarem que seguem um ser absoluto, costumam ser absolutos em suas convicções religiosas. Por isso costumam reprovar qualquer coisa que vá contra essas convicções. Mesmo sem provas e em desacordo com a realidade, a fé é para os religiosos um valioso patrimônio a não ser mexido.
Isso ajuda a explicar o fracasso da "Marcha para Satanás", que nada tinha de satânica, sendo apenas uma ironia que era para ser bem humorada para protestar contra a intolerância religiosa e a tentativa de teocratizar a Constituição brasileira. Seria um ato bem humorado de defesa do Estado Laico.
O tiro acabou saindo pela culatra e o manifesto, por causa de seu nome, acabou na verdade fortalecendo o lado oposto, pois os religiosos entenderam que era um culto ao Diabo, ente que como qualquer divindade, não existe para os ateus, organizadores do irônico evento.
Houve religiosos que pensaram que o manifesto era a favor da intolerância, já que Satanás representa a antítese de tudo que soa positivo para os religiosos. Mesmo sem intenção, os manifestantes da curiosa marcha acabaram ofendendo os religiosos, pois para estes, mesmo sendo do mal, Satanás é uma realidade. Uma realidade que eles detestam, mas que faz sentido para os religiosos.
Cabe aos organizadores desistirem da ironia e fazerem um protesto cuja proposta de defender o Estado Laico seja mais clara possível. Pode até ter humor, música e dança. Mas a intenção de defender o laicismo e o respeito aos fiéis de outras crenças (quem merece respeito são os fiéis e não os absurdos em que eles acreditam) deve ser bem clara, para que a proposta seja ouvida e entendida. Meter o diabo no meio só piora as coisas e legitima os absurdos dos religiosos.
Pois essa mancha acabou na verdade espantando todo mundo e desviando o foco, causando nojo e revolta nos religiosos que pensaram que o manifesto era a favor do mal, do satanismo e de valores que para os religiosos significam nocividade. Mesmo que o satanismo seja tão absurdo quanto qualquer dogma religioso.
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