Abandonou os pobres numa vala e virou santa

As religiões tem um quê de absurdo e por isso atrai muita gente que tem a capacidade de raciocínio senão ausente, mas bastante limitada. Para se ter uma ideia, para que um milagre possa ser comprovado ele deve ser incapaz de ser comprovado. É isso mesmo que você leu. Para que um milagre possa ser legítimo, ele deve ser o mais surreal possível.

E foi isso que aconteceu para que muitos santos sejam canonizados por pobres mortais que sob as vestes de lideranças religiosas, ganham a postiça autoridade de decidir quem é ou não santo, com base em critérios duvidosos facilmente tolerador por quem coloca a fé acima da razão.

E além dos absurdos já comuns em canonizações, o ocorrido no último domingo ainda teve um gosto meio amargo por causa de mais um absurdo: a canonizada não era uma boa pessoa, apesar de ser consagrada como tal, a ponto e virar paradigma de bondade extrema.

Madre Teresa de Calcutá, agora transformada em santa por causa de seu carisma ser capaz de atrair adeptos, não era uma boa pessoa de fato. De personalidade rude, sisuda e defensora da sadomasoquista Teologia do Sofrimento, a madre albanesa recolhia pobres nas ruas para serem colocados em condições sub-humanas a algo que parece uma vala, que era conhecida como a Casa dos Moribundos, enquanto viajava com autoridades com tudo de bom e do melhor. A madre ainda responsabilizava o aborto como obstáculo para a paz mundial, uma coisa que nada tem a ver com a outra.

Madre Teresa era uma liderança católica, ou pelo menos era tratada como tal. Correspondia ao estereótipo consagrado da velhinha bondosa e o fato de ser uma líder religiosa reforçou o seu estigma, fazendo com que muita gente a admirasse. Mas são pessoas que agem com a fé, se recusando a analisar o mito por achar ser uma "investigação criminosa". Preferem aceitar cegamente o lado positivo construído em torno dela e considerar as denuncias de sua ação irresponsável como calúnia e difamação.

O rótulo de religioso cria uma blindagem incrível. Um religioso nem precisa fazer atos de bondade pois a boa índole já está embutida no título de religioso. É como se ter uma religião dispensasse de ter altruísmo ou o deixasse sub-entendido. Isso tem beneficiado muitas lideranças religiosas a mentir, roubar e obter poder. 

O seu estigma de bondade foi astutamente construído através de um documentário produzido por um conservador jornalista católico. Malcolm Muggeridge, e que serviu de molde para transformação de um beato católico que praticava charlatanismo, Chico Xavier, em "santo vivo", para escapar das acusações de fraude e de deturpação doutrinária em que de fato estava envolvido. 

A canonização de Madre Teresa nada tem a ver com ao seu mito de bondade. Ele tem mais a ver com: 1) agradecimento por ela ter dado ao Vaticano o dinheiro que deveria ser para seus "projetos"; 2) explorar a grande popularidade da madre para atrair fiéis para o Catolicismo.

Resta para nós aqui dizer que lamentamos a canonização, com base em milagres estranhos (um deles ocorrido no Brasil, pátria dos tolos). Se já é ridículo depender de absurdos para considerar alguém como bondoso, é mais estranho ainda a canonização de alguém que nem era bom de fato. Mas se canonizaram o Tomás de Torquemada, que foi muito mais cruel, segundo dizem, que o já crudelíssimo Adolf Hitler, tudo é possível.

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