Provando que o "deus" kardecista não existe

OBS: Mesmo que Kardec esteja certo, tanto a pergunta feita quanto a resposta recebida por ele e publicada no Livro dos Espíritos deixam subentendido um certo ateísmo, pois entendo que "ateísmo" seja a não crença no Deus personalizado - ou espiritualizado, como queiram os espíritas e pseudo-espíritas - e mesmo que haja alguma  força-causa, somente a Física tem condições de confirmar.

Eu não entendo de Física, o que torna o texto um pouco incompreensível para mim. Mas creio ser impossível que toda a humanidade esteja a mercê de um ser humano, mesmo imaterial. Seria uma grande tolice. Prefiro acreditar que vivemos com base nos acontecimentos estudos pelas ciências.

De qualquer forma, o Deus antropomorfizado não existe. nem na forma espiritual, como os seguidores do católico Chico Xavier preferem fazer crer.

PROVANDO QUE O DEUS KARDECISTA NÃO EXISTE

Obras Psicografadas - 05/07/2012



Já que estamos numa época em que não se fala de outra coisa além do Bóson de Higgs, ou chamado pela mídia de “A Partícula de Deus”, achei por bem provar de uma vez por todas que é um fato científico que Deus não existe. Ao menos, o Deus como definido pelo Kardecismo. Fato, aqui, não quer dizer algo irrefutável, já que isso não existe em Ciência, e sim que está “confirmado a tal ponto que seria perverso suprir uma concordância provisória com ele”. Pois bem, na 1ª pergunta do Livro dos Espíritos, é perguntado “O Que é Deus?”. A resposta foi de que “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Apesar de curta, essa definição é suficiente para tornar a hipótese da existência de Deus falseável, do seguinte modo: se Deus é a causa primária de todas as coisas, então se achássemos uma única coisa, um único fenômeno que fosse acausal – sem a necessidade de uma causa para ocorrer – então o Deus kardecista estaria refutado. E essa coisa existe e se chama decaimento radioativo. E há uma miríade de outros exemplos além desse. Selecionei diversas explicações de Ernesto Von Rückert, físico e cosmologista do importantíssimo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) sobre essa questão da existência de fenômenos acausais e mesmo sobre a necessidade de o Universo necessitar de uma causa para surgir, extraídas de seu blog. As respostas são perfeitamente compreensíveis, mesmo para uma pessoa leiga. Como base para as perguntas, selecionei o texto “Eventos sem Causa”, reproduzido a seguir. Fica claro que, atualmente, pela Física, o Deus kardecista está refutado.


Eventos sem Causa

Eventos sem causa são possibilidades e, mais que isto, realidades. O princípio, segundo o qual todo evento seja efeito de uma causa, é uma indução, baseada na observação de fenômenos acessíveis à observação direta, isto é, na escala de tempos e dimensões compatíveis com os sentidos humanos. Como toda consequência induzida, ele não tem garantia de validade e nem de veritabilidade, como nos casos de dedução, em que, sendo as premissas verdadeiras e o raciocínio válido (não falacioso), a conclusão é verdadeira também. O que se pode dizer é que a ocorrência de muitos casos, em que eventos sejam efeitos, leva a induzir que assim o seja em todos os casos, sem contudo se poder garantir tal assertiva, que é derrubada com a constatação de uma simples exceção.

Para prosseguir, preciso dizer que “causa” é um evento determinante da ocorrência de outro, dito seu efeito, enquanto “condição” é um fato que possibilita, mas não determina a ocorrência de um evento. Uma relação causal se dá entre eventos (fenômenos, acontecimentos, ocorrências) e não entre seres (entidades realmente existentes e não apenas conceituais). Não se pode falar sobre a causa do Universo e sim sobre a causa do surgimento do Universo (evento que consiste na passagem de inexistência para a existência). Além disto é preciso distinguir os eventos elementares ou simplesmente “eventos”, que envolvem apenas entidades elementares (uma partícula, por exemplo) dos fenômenos ocorridos com sistemas complexos, constituídos de inúmeras partículas reais, quer da matéria (férmnions), da radiação (bósons) ou de partículas virtuais (campos).

Dentre os eventos elementares e mesmo os que envolvem sistemas de poucas partículas, como átomos, vários ocorrerem de modo fortuito, isto é, incausado. Dentre eles destacam-se o decaimento radioativo e a emissão de fótons por átomos ou moléculas excitados. A excitação não é causa e sim condição para o decaimento. Nada há que determine o decaimento. Cada átomo decai após um tempo aleatório, sem que nada determine que o faça, da mesma forma que a radioatividade. A única informação que se tem é sobre o tempo médio de decaimento ou o tempo para que metade de uma amostra grande tenha decaído, a meia vida (mas uma é função da outra, de modo que se trata da mesma informação).

Alguém pode dizer que há uma causa, só que não se conhece. Pode até ser, mas não necessariamente. Como não se identifica causa alguma e nada há que exija que se tenha uma causa, é perfeitamente razoável considerar que não haja causa.

No caso de fenômenos ocorridos com sistemas de muitas partículas, o grande número leva a probabilidades bem direcionadas a certas possibidades, configurando um aspecto causal e determinístico que não existe nos eventos elementares de modo geral. Mesmo neste caso, contudo, há a ocorrência de comportamentos caóticos, de modo que o determinismo e a causalidade não são a regra da natureza.

Sobre o surgimento do Universo, a passagem da inexistência para a existência não requer causa alguma, nem conteúdo algum do qual tudo o que existe tenha que ser proveniente. Exigir tais coisas é um preconceito não justificado. Isto não significa “provir do nada”, pois nada não é algo do qual outra coisa pode provir. Nada é a ausência total de tudo, não só de conteúdo mas de espaço vazio, de tempo e de leis naturais. O que significa é não ser proveniente de coisa nenhuma. Antes do conteúdo do Universo ter surgido (campo, matéria, radiação, espaço, tempo, interações e leis que descrevem o comportamento disso tudo e de seus atributos, como, extensão, localização, duração, movimento, energia, intensidade das interações, spin, carga elétrica, massa e muitos outros, expressos pelas grandezas mensuráveis que aparecem nas leis) não havia leis naturais a serem obedecidas (aliás não havia nem “antes”, pois não havia tempo), de modo que o surgimento de qualquer coisa não desobedeceu lei alguma. Mesmo que houvesse tais leis de conservação, possivelmente o conteúdo total de carga, massa-energia, momento angular e outras grandezas que se conservam, no Universo atual, seja nulo, exatamente como se não houvesse nada.

1) Se TUDO (incluo outros universos e dimensões, caso existam) veio a existir, deve ter uma causa incausada, imaterial, atemporal e muito poderosa. Seja lá o que for essa causa! O que acha?

Não precisa ter causa nenhuma. Esta questão de causa e efeito precisa ser bem entendida. Causalidade é uma relação entre eventos, isto é, ocorrências, acontecimentos, que se dão com entidades. Não é uma pro-priedade das entidades ou seres e sim do que ocorre a eles. Se alguma ocorrência provocar outra ocorrência, então a primeira é dita causa da segunda e a segunda é dita efeito da primeira. Mas nem todo evento tem que ser um efeito. A suposição de que todo evento seja efeito de alguma causa é uma indução tirada da observação de inúmeras ocorrências no nível dos fenômenos acessíveis à percepção direta do homem. No mundo subatômico, contudo, há miríades de eventos que não possuem causa. Por exemplo a desintegração radioativa, o surgimento de pares de partícula e antipartícula, a emissão de radiação por sistemas excitados e outros. Todos estes eventos se dão quando o sistema preenche certas condições que os possibilitam, mas nada há que os determine, que é o conceito de causa. Um átomo pode ficar indefinidamente excitado e não emitir luz, como pode, a qualquer momento, fortuitamente, emiti-la. A única informação que se tem é sobre a probabilidade desta emissão. O mesmo se dá com o decaimento radioativo. O surgimento de pares é mais fortuito ainda, pois nem a probabilidade se conhece. No caso de eventos macroscópicos, envolvendo um número imenso de eventos microscópicos, cada qual com a sua probabilidade, pela lei dos grandes números da estatística, a probabilidade fica tão concentrada que se apresenta como uma determinação, levando à noção de causalidade e determinismo do mundo macroscópico. Mesmo assim não é impossível que, por exemplo, o ar do escritório em que me encontro, de repente, se concentre todo na extremidade oposta à que me encontro e eu morra por falta de ar. Como todo raciocínio indutivo não é garantido e existem casos em que eventos não são efeitos de causa alguma, então o princípio de que todo evento seja um efeito não é válido. O “Princípio da Causalidade”, em verdade, estabelece que, se um evento seja um efeito, então sua causa o precede, isto é, não pode haver causalidade retrocessa. O futuro não pode causar nada no passado. Isto derruba as explicações teleológicas. Portanto se não é obrigatória haver causa, porque o surgimento do Universo teria que ter tido alguma causa? Se não se detecta, se tudo surgiu sem que nada houvesse antes (nem “antes”), porque inventar uma entidade extrínseca ao Universo para criá-lo? Pode-se perfeitamente supor que tenha surgido espontaneamente e isto é o mais plausível. É claro que, se houve uma causa, e não havia tempo, nem espaço nem Universo, esta causa teria que ser produzida por alguma entidade que não estivesse imersa no espaço nem no tempo, nem que fosse constituída do conteúdo substancial do Universo. Note-se que tal entidade não SERIA ela mesma a causa, mas o agente provocador da causa, pois causa não é atributo de seres, mas de ocorrências.

Mais ainda, na relação entre causa e efeito, quando há, nada diz que a causa tenha que ser maior ou mais poderosa do que o efeito, mas apenas que provoque a sua ocorrência.

Outra coisa que não existe é o determinismo, isto é, uma mesma causa, nem sempre produz o mesmo efeito, quando há. Isto é um dos pilares da Física Quântica, magistralmente expresso pelo “Principio da Incerteza”. E o Universo funciona com base nas leis físicas, e toda a física é quântica.

2) Existem fenômenos físicos sem causa? Já ouvi falar que o decaimento radioativo acontece sem ter uma causa e também não existe uma causa pra átomos excitados emitirem luz, verdades ou não?

Sim, verdades. Só estes dois tipos de eventos já consistem numa grande fração de todos os eventos que ocorrem com os constituintes fundamentais do Universo: campo, matéria e radiação. Isto significa que o fato de um evento ser efeito de uma causa é uma particularidade de certos eventos, mas não de todos. Causa não é uma necessidade. Pode haver ou não.

3) Professor, porque o decaimento radioativo é um evento sem causa? A causa não seria a instabilidade do átomo?

Não! A instabilidade não determina o decaimento, apenas o possibilita. O que possibilita é uma condição. Causa é o que determina. A radioatividade alfa é um decaimento do núcleo e a beta dos nêutrons. Um núcleo instável pode permanecer indefinidamente assim ou decair a qualquer momento, sem que nada o determine. O mesmo se dá com as partículas subatômicas e com os átomos, moléculas e outros sistemas atômicos com elétrons excitados, que podem emitir fótons ou não. A excitação é só uma condição e não uma causa.

4) Você sempre cita “eventos sem causa”, mas acho complicado atribuir a ausência de causa a um evento, pois esta “incausalidade” não pode ser causada pelo desconhecimento de todas as variáveis envolvidas no fenômeno ou de alguma causa oculta ou não prevista?

Porque seria? Porque achar que tem que ter uma causa que não se conhece, se se investigou tudo que poderia ser a causa e não se encontrou? Porque supor que causa seja uma necessidade? O que leva a esta consideração? A única razão para se dizer que eventos tenham causa é que isto é observado num grande número de casos. A conclusão de que seria válido para TODOS os casos é uma indução. Uma indução nunca é garantida, pois nunca se pode observar todos os casos, inclusive os futuros. De fato, em nível macroscópico, observa-se causa para todos os eventos. Mas em nível microscópico, isto é, subatômico e nuclear, não. Por mais que se procure o que desencadeia o decaimento de um átomo excitado para um nível inferior com emissão de fóton, não se vê a razão. A excitação é uma condição, isto é, uma situação que possibilita o decaimento, mas não o determina. O átomo pode ficar indefinidamente excitado ou decair a qualquer momento. A informação que se tem é apenas estatística, ou seja, qual a distribuição de número de decaimentos após um certo tempo. Isto dá a meia vida e a vida média. O mesmo ocorre com a radioatividade. Em quântica não se tem nada determinado, só probabilidades. Assim é a natureza. Os eventos elementares, na maioria são fortuitos. Mas podem ser causados, com se dá com o raio laser. O importante é que a causalidade não é uma exigência, mas uma particularidade. No caso macroscópico, os eventos são a conjugação de inúmeros eventos microscópicos. Isto leva a probabilidade a se concentrar, o que dá a aparência de determinismo e pode assim ser chamado mesmo. Mas, mesmo macroscopicamente, a aleatoriedade funciona. Não fora assim o mundo seria um mecanismo de relojoaria, sem a mínima possibilidade de escolha. Maktub! Cientistas, como Bohm, tentam preservar o determinismo com a adição do conceito de “variáveis ocultas”. Mas não pegou, devido a incongruências. A natureza é, de fato, probabilística. Exigir causa é um preconceito do senso comum macroscópico do homem. É preciso abrir a mente para a incausalidade, o indeterminismo e a aleatoriedade. Nossa própria vida é conduzida muito mais pelo acaso e pelas coincidências do que por nosso planejamento. Isto é facilmente perceptível. Alguns acham que tudo é governado por um pretenso “destino”. Não há evidência nem comprovação nenhuma desse tal de “destino”. Contudo é uma hipótese infalseável, de modo que fica por conta da crença.

5) A interpretação determinista da física quântica feita por David Bohm não procede?

No meu entendimento, não. Acho que Bohm e outros não aceitam, aprioristicamente, o caráter indeterministico e acausal dos fenômenos quânticos por um preconceito filosófico. Então procuram meios de contorná-lo, reestabelecendo o determinismo, com o uso de artifícios variados, como as “variáveis ocultas” e os “muitos mundos”, por exemplo. Estes artifícios nunca foram comprovados. Isto não é a mesma coisa que a “Função de Onda”, que também não é observável, sendo apenas um artifício de cálculo, que, inclusive, em certas formulações, pode ser dispensado. Mas as variáveis ocultas seriam observáveis ocultas e os muitos mundos seriam reais. Isto tudo é dispensável se se admitir o caráter intrinsecamente probabilistico, indeterminístico e acausal da natureza. Porque não? Não há nada que requeira o prevalecimento do determinismo e da causalidade. Considerá-los necessários é um preconceito. Determinismo significa que uma causa, dentro das mesmas condições, produz sempre o mesmo efeito e causalidade que todo evento tenha que ser efeito de uma causa. Nada disso é verdade. Há muitos casos em que a mesma causa, nas mesmas condições e circunstâncias, produz efeitos distintos, como se vê no fenômeno de difração, tanto da luz quanto de partículas, como elétrons. E há inúmeros eventos que não são efeitos de causa nenhuma, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por sistemas excitados. Dizer que a causa ainda não foi detectada é só uma crença, sem fundamento, pois a existência de causa para eventos é uma conclusão induzida, que não tem garantia de validade. Mesmo que se ache a causa de algum evento que se considere incausado, isto não significa que fica estabelecida a necessidade de causa para todo evento.

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