Religião e imaturidade

Em pleno século XXI, as religiões ainda continuam com a sua força, difundindo todas as ideias iniciadas na era medieval, tal como era, mas com algumas poucas atualizações na aparência e na forma de difusão. Mas todos os dogmas, personagens e ideais continuam na essência exatamente como eram na Idade Média.

E porque numa época como a atual, onde deveríamos estar mais racionais ainda aceitamos ideologias ainda bastante medievais e que defendem ideias erradas e situações e personagens sem comprovação de existência?

Lembrando que as religiões são positivas no que se refere ao enriquecimento cultural, já que lendas sempre enriquecem culturas. Embora ninguém admita, religiões, sem exceção, são mitologias. tal e qual as mitologias que conhecemos. E ela á positiva se limitar a isso. mas não é o que acontece.

Para os seguidores de uma religião, tudo que se refere a ela é considerado fato e verdade. É aí que está o erro. E tachar de verdadeiro uma lenda e transferi-la à realidade cotidiana, gera problemas como observamos hoje em vários tipos de preconceito gerados pelas religiões. Ao invés de ficarem cultuando ludicamente como meras lendas, os fiéis acabam usando essas lendas para interferir no cotidiano, quase sempre gerando graves danos.

Religiões, por serem mitologias, defendem ideias fictícias, sem comprovação verdadeira, mas que associada ao medo imposto pelos líderes religiosos ("se não crer, vai para o inferno"), ganha uma força de legislação que fica quase impossível demover o fiel desse verdadeiro transe.

Religiosidade e imaturidade

Como disse, religião é acreditar em lendas. Isso é típico na infância, já que quando crianças, costumamos acreditar em ficções. A medida que desenvolvemos o raciocínio, passamos a perceber a ficcionalidade de muitas crendices infantis.

O problema das religiões é que isso continua na vida adulta. Como se fosse um resquício da infância, muita gente prefere e se sente confortável em acreditar no inexistente, inclusive temendo algum dano caso não siga a essa crença.

O ruim é que isso acaba atrofiando, senão eliminando de vez, o discernimento, já que a pessoa acaba se acostumando a acreditar sem verificar, tomando como prova de verdade apenas o prestígio de quem lança uma ideia. É cômodo porque dispensa o raciocínio detalhado, que exige esforço, pesquisa e abnegação.

Porque exste gente inteligente e religiosa?

As religiões são muito fortes em lugares habitados por gente de pouca escolaridade e menor nível intelectual. Isso faz sentido. O que não faz é que entre pessoas de melhor escolaridade ainda encontramos muitos religiosos. Se  a religiosidade é contra a razão, porque existe muita gente racional seguindo alguma crença.

O que se pode dizer dessas pessoas, ou faltou coragem, ou o intelecto deles não é direcionado à religião ou ainda sobrou confiança cega em líderes religiosos ou no conforto social dos ambientes religiosos.

As pessoas geralmente focalizam o intelecto para poucos aspectos. Eu sou uma das poucas pessoas que costumam usar o discernimento 24 horas por dia, seja qualquer tipo de assunto. Vejo erros em todos os setores da sociedade, quando a maioria vê apenas em alguns, uns em alguns setores, outros em outros setores.

Mal comparando é como um aluno bom em Matemática e ruim em História. Porque não ser bom nas duas?

Países desenvolvidos são menos religiosos

A religiosidade é forte na sociedade brasileira porque ela é imatura. Um dos mais atrasados em desenvolvimento intelectual, o Brasil é caracterizado por uma Educação péssima, baseada em convicções erradas, de currículo irreal e dificultante e a subestimação do discernimento e do senso crítico, que infelizmente têm que ser desenvolvidos pelos alunos por conta própria, sem mestre.

O que nunca acontece, já que a sociedade brasileira é tradicionalmente uma sociedade de paus-mandados, submisso à mídia, às regras sociais e também às religiões, os três moldando os gostos, hábitos e convicções da população, ainda incapaz de "andar com as próprias pernas". Este cenário é perfeito para o desenvolvimento das religiões, que segundo escrevi aqui, dispensa a racionalidade.

Quanto mais atrasada a sociedade, mais religiosa ela é, já que na imaturidade, dependemos de algo que faça o papel de "tutor" para conduzir as nossas vidas.

Já nos países de sociedade mais evoluída, melhor educada, a religiosidade é quase inexistente. Isso foi comprovado por inúmeras pesquisas. E o pior que quando isso é dito para os brasileiros, estes acham um absurdo, pois acreditam que a religiosidade, por supostamente ser a reguladora da moral, é um sinal de avanço. Não é, já que a sua moralidade não é espontânea, além de frouxa e também falsa, pois basta alguém contestar algum dogma, que o fiel parte para a agressão, que é uma imoralidade.

Os países evoluídos não são religiosos porque além de estimularem o raciocínio, através de uma educação de qualidade, estimulam o livre arbítrio e a moralidade espontânea. Ninguém precisa acreditar em absurdos para aprender a respeitar o próximo.

Nesses países, observasse um nível maior de justiça, um baixo índice de violência e o altruísmo é praticado não por "temor a Deus" (medo de Deus? Cruzes!), mas pela consciência de que o outro também tem direito ao mesmo bem estar que nós.

O Brasil ainda precisa amadurecer muito. A religiosidade ainda vai demorar muito para desaparecer. Crianças que somos, ainda precisaremos dela para nos dizer o que devemos fazer. Infelizmente muitos líderes interesseiros ainda farão fortunas graças a imensa popularidade das religiões.

Quando um dia acordamos desse lindo sonho de ficção e percebermos a verdadeira missão que Deus nos deu, que é de usar o nosso raciocínio e agir com base nele, poderemos finalmente largar a infância que nos mantém presos e lutar para melhorias reais em tudo que nos rodeia, sem esperar que deuses, santos, anjos e espíritos resolvam as coisas por nós, estimulando a nossa inércia.

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