Religião não estimula o desenvolvimento da bondade
Na revista superinteressante deste mês, um interessante artigo mostra os 25 segredos que a humanidade nem sabe que é verdade, mas é. Um desses segredos é algo que eu já havia percebido há tempos e o argumento usado na revista é justamente a mesma justificativa para o que eu sempre pensei a respeito: religião não melhora o caráter de ninguém.
Para aqueles que acham que não existe moral sem religião, isso é um verdadeiro balde de álcool sobre um corpo cheio de feridas: arde pacas. Somente a falta de discernimento e a credulidade barata, sem verificação lógica, pode dar razão a essa tese absurda de que para ser bondoso é preciso ter uma crença. O bom senso e a lógica estão provando justamente o contrário: é mais bondoso quem desenvolve a bondade sem a influência de alguma crença.
A bondade "estimulada" (imposta, na verdade, através do medo - "Deus vai punir!") pela religiosidade não é autêntica: falta espontaneidade. Por ser obrigatória, essa bondade, além de não ser natural, é frágil, pois quem não é naturalmente bondoso pode se tornar malvado dependendo das circunstâncias. E não é preciso ser xiita islâmico para fazer das suas. Contestar algum dogma absurdo diante de um religiosos fanático já é o suficiente para transformá-lo em um terrorista, pelo menos de ataques orais.
Muitas brigas tem aparecido graças a teimosia de fiéis em acreditar em coisas que a lógica prova não ser possível. E não é só católicos e crentes que tem o "privilégio" de defender absurdos com ferro e fogo. Os brasileiros que se assumem "espíritas" também deram de defender absurdos, usando a agressividade. Os fãs de Chico Xavier se transformaram em autênticos xiitas. Não demorará o dia em que vão sair destruindo tudo pela frente só porque alguém disse que boa parte dos livros de Xavier só tem absurdos e que alguns nem psicografados foram. Brasileiros não gostam de islâmicos, mas provam que fabricar um fundamentalista xiita no Brasil é mais fácil do que se imagina.
Fanáticos não admitem a bondade de ateus
Em um shopping de Salvador, quando eu morava lá, estava conversando com meu irmão sobre a bondade das pessoas que não acreditam em Deus. Apesar de acreditar em Deus (não o das religiões), eu respeito muito os ateus, pois eles, em regra, costumam ser bem racionais.
Um cara bem vestido, de terno, afrodescendente, estava perto e ouviu a conversa e ficou revoltadíssimo. Quando eu e meu irmão saímos pelo estacionamento do shopping, lá vinha o cara, claramente evangélico, revoltado, berrando frases que definiam como absurdo um ateu ser bondoso.
Evangélicos defendem que só existe a bondade se houver submissão a Deus. Na verdade a bondade espontânea é que é o sinal natural de obediência a Deus, que nunca deve ser submissa, pois Deus garante o livre arbítrio, ignorado por católicos e evangélicos, e defendido apenas na teoria dor "espíritas" brasileiros.
Razão garante uma bondade mais perseverante e permanente
O texto da Superinteressante ainda fala que os não-religiosos e ateus conseguem ser bondosos com mais naturalidade, pois não existe nem medo nem aquela necessidade tola de ficar obedecendo dogmas e divindades fictícias. Pessoas sem religião quando são boas, são porque faz parte do caráter, da índole e não de submissão a absurdos.
Datena, apresentador de programas de jornalismo popularesco, tinha dito que um bandido fazia maldades por "falta de Deus no coração". Gerou uma revolta - e concordo com essa revolta - dos ateus e não religiosos, exigindo a retratação - nem sei se houve, não assisto programas desse tipo, tomando conhecimento do caso pela internet - do apresentador.
Claro que Datena, apresentando um programa evidentemente popularesco, falava para um público alienado, de baixa escolaridade, com o discernimento atrofiado e rara atividade cerebral. Essa população que, por isso mesmo, tem a religiosidade altíssima, pois necessita de alguém, mesmo fictício, que lhes diga o que fazer e pensar, se satisfaz com declarações infelizes como a de Datena, mas que condizem com o infeliz crescimento da religiosidade no Brasil, numa verdadeira volta - atualizada, é verdade - aos tempos medievais, com direito a todos os aspectos, devidamente adaptados a realidade do século XXI.
Ninguém sabe que a religiosidade na verdade trava a bondade natural. Quem segue uma religião é bondoso por obrigação, não por amor ao próximo. As religiões não conseguiram e nem vão conseguir estimular o verdadeiro amor ao próximo porque a isso se inclui a ampla discussão e a análise detalhada daquilo que é dito contra certos absurdos. Ao invés de analisar, é mais fácil posar de ofendido e atacar o bom senso. Não há respeito aos verdadeiros possuidores do bom senso.
A razão é que garante a verdadeira bondade. Com a lógica e o discernimento podemos nos colocar no lugar de outras pessoas, entender a sua situação e por em prática um plano de bem estar aos outros, se baseando na análise da situação alheia.
A bondade raciocinada é mais sólida e permanente. É certeira e autônoma, dispensando da necessidade de se acreditar em lendas absurdas e deuses fictícios, fincando os pés no chão e propondo soluções reais que possam garantir o bem estar de todos, independente de que crença tenham. Até porque não é o fato de uma pessoa acreditar em absurdos que deixará de ser ajudada por algum ateu realmente bondoso.
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