Só o amor não resolve

Virou uma nova tradição na sociedade brasileira, desde os anos 90, uma certa aversão à intelectualidade. Os brasileiros acharam que o importante é desenvolver o sentimento, a moral, a bondade e sobretudo a fé, tratando o desenvolvimento intelectual como algo nocivo. Isso agrada muito a autoridades que encontram nisso uma espécie de consagração da burrice que faz com que a população se torne facilmente manipulável.

Se os brasileiros odeiam desenvolver o intelecto, os espiritólicos, devotos de Bezerra de Menezes, Chico Xavier e Divaldo Franco, odeiam ainda mais a evolução do intelecto. Para eles só amor, o amor e o amor resolvem tudo. Mas que amor é esse que tem que caminha longe do intelecto?

Um amor frouxo, piegas, que por ser irracional, nunca consegue resolver problemas. Por isso mesmo a caridade resultante do amor sem intelecto é paliativa, não muda nada e não consegue acabar com problemas, preferindo apenas empurrá-los com a barriga. Esse amor é o defendido pelas religiões há mais de 2000 anos e sua incompetência em mudar a sociedade já está mais do que comprovada, embora seus fanáticos fiéis insistam em dizer o contrário. Distribuir cestinhas básicas muda o mundo? certamente que não.

Um espiritólico entrou na comunidade de Espiritismo do Orkut falando no amor sem intelecto. Eu questionei e a coisa quase foi para a discussão (que amor é esse que não sabe ouvir os mais esclarecidos?). A irracionalidade da fé cega é muito perigosa, embora poucos saibam disso. Mata-se e morre em nome de absurdas formas de credulidade.

Triste mesmo é ver que os brasileiros consideram a fé como sua maior qualidade e importante valor positivo. Fé é sinônimo de credulidade, de crença em seres e teses sem comprovação e sem lógica. Acreditar que um ser que não sabemos se existe vai nos salvar tem feito com que o mundo permanecesse o mesmo em sua essência, por longuíssimo tempo. 

Hoje , em pleno século XX!, não sabemos resolver os problemas mais simples de nosso cotidiano. E tão cedo não vamos saber, pois até mesmo os jovens resolveram mergulhar de cabeça na fé cega, como "comemorou" um jornal daqui no último domingo. Uma triste notícia para quem quer ver o mundo livre dos ideais medievais.

Só resta a dizer que enquanto acharmos que só o amor resolve e que a fé é a nossa prioridade, tudo permanecerá na mesma, problemas, injustiça, violência e tudo de errado que puder aparecer. Pois não são seres e fatos ficcionais que irão derrotar todos aqueles que se beneficiam do prejuízo social, já que estes mesmos que se dão bem com os erros querem mesmo que a religiosidade continue alta para que todos, iludidos com uma ajuda divinal que nunca chega, possam se manter amordaçados no amor que nunca resolve nada, se limitando a servir deuma espécie de cárcere das ilusões.

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