Quando a caridade pode ser nociva - Parte 3: A caridade que nunca transforma
As religiões são muito benéficas para governos manipuladores. Ao estimularem a fé cega, não estimulam o raciocínio. Não estimulando o raciocínio, mantém a satisfação de seus interesses além de desestimular qualquer mudança que possa acabar com as seculares relações de poder. E a caridade vinda dessas religiões deve ter o mesmo objetivo: a da não transformação de fato.
Mesmo que no discurso os defensores desse tipo de caridade digam que ela transforma, se observarmos de maneira profunda e ampla, vamos acabar sabendo que a caridade praticada e estimulada pelas religiões nada tem de transformadora, não mudando nada, apenas se tornando um ato bonito a ser aplaudido pelas multidões que com isso, continuam acreditando nas ilusões difundidas pelas igrejas e seitas.
Mas não se vê uma caridade transformadora vindo das religiões (uma das raras exceções foi a Teologia da Libertação, quando setores progressistas da Igreja Católica lutaram por reais melhorias e pelo estímulo ao intelecto e as conquistas próprias do bem estar, sem esperar a utópica "ajuda divina"). Geralmente é imitada a esmolas, a cestas básicas e inócuas orações em prol de sofredores. Mas sempre algo que manterá a sociedade intelectualmente inerte.
Estimular a verdadeira melhoria é ruim para as religiões. Como acontece com os governos, as religiões existem por causa de poder. Sim, religião é um tipo de poder e dos piores, pois alega intervenção divina. Líderes mortais, tão falhos quanto qualquer um, dominam massas, simplesmente por fazê-las acreditar que ele é o "enviado" de Deus, ou de alguma coisa parecida. Se a acridade for eficiente, os problemas acabam, a influência do poderoso também acaba, já que a manutenção dos problemas é o que mantém a relação de dependência entre liderado e líder.
Como representantes divinos, se transformam nos "donos da verdade" e acabam com isso, hipnotizando seus seguidores a fazerem tudo que seja de seu interesse. Como agem como "políticos divinos", é lógico que ajam da mesma forma que os políticos "mundanos" para a manutenção de seu poder. E a caridade estimulada por eles não pode ser diferente da estimulada pelos políticos.
Uma caridade que não muda nada. Não melhora a sociedade, não melhora vidas, mantém pobres na pobreza, mantém as relações de poder e a divisão de classes exatamente como sempre esteve, já que quem está acima, nunca quer descer.
E o poder divino embutido a esse tipo de caridade dá a ilusão de que "Deus quer que seja assim", e como "Deus" é a perfeição intelectual, acredita-se que esta forma paliativa de caridade seja a mais perfeita. E sendo perfeita, ela deva ser praticada e nunca contestada.
Mas que tipo de melhorias visíveis e perceptíveis se resultam desse tipo de caridade. Nenhuma. Falam que a "caridade não deve aparecer", o que na verdade é um mal entendido, já que o que Kardec recomenda é que a caridade não pode ser interesseira, mas deve aparecer para servir de exemplo e seus resultados tem que ser perceptíveis para que possamos ter a certeza da eficiência dos atos de caridade.
Mas o que se vê é uma caridade frouxa, que não passa de um copinho de água com açúcar a amenizar dores que certamente retornarão, por não terem sido extirpadas com atos de caridade que pudessem realmente eliminar os problemas. Uma caridade que não melhora nada.
Comentários
Postar um comentário