Quando a caridade pode ser nociva - Parte 5: A caridade que se esconde

Os espiritólicos vivem dizendo que caridade não se mostra. Na verdade, isso é um erro de interpretação que confunde vaidade com ostentação. A caridade deve ser mostrada para servir de exemplo e para também comprovar que está sendo feita. 

Esconder um ato de caridade é tão ruim quanto mostrar por vaidade. Esconder parece ato de humildade, mas não é. Aquele que se preocupa em esconder é tão vaidoso quanto aquele que vive mostrando a todo mundo para se promover. Em ambos os casos, nota se um "olha como eu sou bonzinho!" sendo alardeado pelos quatro cantos.

Quando se esconde um ato de caridade, pode na verdade fingir que está se ajudando os outros, quando na verdade está mesmo é se promovendo. Escondida, a caridade não é percebida e isso c ria uma oportunidade para um monte de erros, desde desvio de verbas como manipulação ideológica das pessoas "socorridas". Entre quatro paredes pode se tudo, pois sem fiscalização, sem ninguém para limitar, o "caridoso" pode fazer o que bem entende, inclusive atitudes anti-éticas. 

Muitos desvios de verba acontecem em nome da caridade. Instituições de caridade são dispensadas de impostos, além de possuírem um prestigio social respeitoso. Diante da confiança coletiva, o administrador de uma instituição encontra a oportunidade perfeita para ganhar mais dinheiro através de desvios ou do superfaturamento. Uma instituição que precise de 1.000 reais pode pedir 10.000, aplicar até menos do que precisa, por exemplo, uns 800 reais, e acrescentar o resto a patrimônios pessoais. Felizmente, não são todos que fazem isso. Mas infelizmente, são muitos os que fazem.

Mostrar a caridade nem sempre é sinal de vaidade e promoção. A caridade deve ser mostrada para que sirva de exemplo e para que possa ser fiscalizada. Como exemplo, ela pode estimular outros a ajudarem a coletividade. Já pensou se todos os seres humanos fossem caridosos? Esse mundo mudaria para melhor. Para muito melhor do que poderia ser.

E a fiscalização? indispensável para que todos saibam que a caridade está sendo feita. Que os atos de caridade sejam realmente eficientes, honestos e ativos. Que estas caridades não se limitem ao paliativo, dando reais condições para a pessoa ajudada a sair de sua condição humilhante, sem a crônica dependência de seus benfeitores. Até porque toda ajuda deve ser provisória, já que o ideal que toda pessoa possa "caminhar com as próprias pernas". A independência faz bem para a auto-estima de qualquer um.

Não escondamos a caridade. Claro que ela nunca deve ser usada para promoção pessoal, para que a pessoa pose de boazinha. Nada disso. Mas escondê-la favorece irregularidades e não impede vaidades, já que mesmo escondendo, o suposto "benfeitor" pode se promover com a fama de caridoso.

Repito: ela deve ser mostrada sim, com humildade e responsabilidade. Para que todos saibam como a caridade deve ser feita. Ainda mais numa sociedade que ainda não considera egoísmo um defeito. Aliás, o pai de todos os defeitos que ainda não sabemos como eliminar de nossas personalidades.

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