Religião é resquício da infância na vida adulta

Costumo dizer que as religiões são na verdade um resto de nossas infâncias que ainda permanece na vida adulta. O medo de entes hierarquicamente superiores, a crença em fatos ilógicos e seres sem existência comprovada, além do desejo da assistência desses seres, se parece muito com a relação com os adultos e com os contos de fadas e amiguinhos imaginários que são tão comuns - e absolutamente normais - na infância. Se isso é salutar na tenra idade, infelizmente, por incrível que pareça, não se deve dizer o mesmo na vida adulta.

A vida adulta deveria ser mais realista. Deveríamos ser mais racionais, analisar as coisas após a observação de fatos e confiar em nós mesmos para a resolução de nossos problemas. Mas teimamos em continuar, mesmo de maneira enrustida, em nossas infâncias e decidimos ser escravos do invisível e do absurdo. Os fatos mostram que a analogia entre a crença religiosa e a ingenuidade da infância é perfeita e altamente lógica e compreensível.

Como crianças perdidas no meio da multidão, desesperadamente estamos a procura de alguém para fazer o papel de babá e resolver os problemas que recusamos a solucionar. E é aí que as religiões, chefiadas por gente tão falha quanto qualquer um, encontra a vulnerabilidade necessária para converter as pessoas e transformá-las em escravos do invisível. Escravos sem aspas, pois na verdade é isso que acontece.

Nossos instintos mais infantis se afloram quando estamos sob o domínio das religiões. Embora haja o lado bom de enriquecer a cultura (como a criança que faz um lindo desenho de seu amiguinho imaginário), a religião é altamente nociva quando entra em choque com a realidade e com a lógica. 

O que é mais grave é que isso acontece na idade adulta. O comportamento observado nos adultos religiosos é muito parecido com o que se observa nas crianças, com direito a mesma teimosia. Quanto mais fanatismo, maior sua infantilidade. E não adianta entrar com uma explicação convincente que a teimosia irracional cria uma revolta muito agressiva. Como uma criança que dá pulos e grita para defender seu amiguinho imaginário.

As religiões na verdade não passam de um conjunto de contos de fadas tomados como verdades absolutas. Como crianças que se sentem protegidas pelos seus super-heróis, os fiéis escolhem seus santos, anjos e "espíritos" favoritos e acreditam sem sua suposta superioridade. Mesmo a religião "espírita", tida como "mais racional" (mesmo sendo tão irracional quanto as outras), não abre mão da mesma crendice infantil observada nas outras religiões com o direito ao temor estimulado na infância pelos pais na ânsia de reprimir os pequenos que não lhes obedecem.

E esse temor é que mantém a força dessas religiões, pois quem se escraviza dentro delas acredita que se largar a suas crenças pode ter uma vida piorada, o que na prática confirmei ser justemante o contrário. Longe de qualquer religiosidade me sinto mais feliz, mais responsável e com maior liberdade. Tolo quem acredita que tem maior liberdade porque segue uma religião.

Por isso não é de estranhar a ausência de transformações sociais evolutivas com o domínio das religiões. Justamente a pior fase da humanidade foi quando as religiões dominaram politicamente (Idade Média, a era das trevas). Países menos evoluídos tem uma religiosidade muito alta. Pessoas de menor escolaridade tem maior religiosidade. Isso tudo significa que a religião é uma fase atrasada da vida humana e prende as pessoas numa infantilidade crônica.

Nada contra as religiões em si, por enquanto. Enquanto a sociedade não tiver condições de caminha sozinha, ela serve como bússola. Uma bússola fantasiosa, é verdade. Mas é um claro sinal da imaturidade social ainda tão visível entre nós e que nos faz ainda acreditar em heróis fictícios e ideias mirabolantes que nos fazem temer um ser que não quer ser temido. 

Deus quer apenas que pensemos, já que Ele nos deu um cérebro para não servir de mero enfeite e pesar nossas cabeças. Quando aprendermos a utilizá-lo, amadureceremos e nos libertaremos, nos livrando dessa verdadeira "chupeta" a que damos o nome de religião.

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