Patriotismo é um sentimento materialista
Eu não me considero uma pessoa patriota. O que eu amo na verdade são as pessoas que vivem neste país e as coisas boas que podemos encontrar no território. Mas não aquele amor ilusório como se o Brasil fosse uma divindade que exige obediência e devoção.
Afinal, além de estarmos provisoriamente neste país - nossa pátria é a espiritual: eu não sou brasileiro, estou brasileiro - não devemos esquecer que a divisão territorial não é feita por Deus e sim pelos homens, cheios de defeitos. Para quem estuda ou conhece História, essas divisões territoriais muitas vezes são feitas para satisfazer interesses mesquinhos, egoístas e portanto, materialistas. Nunca se pode divinizar o que é de fato exclusivamente material.
Mas muita gente foi educada, desde a infância, sobretudo nas trevas da Ditadura Militar, a amar os símbolos de nosso país: um pedaço de pano, vários desenhos e uma musiquinha de letra rebuscada e fantasiosa, que chama de "bravo que não foge a luta" o nosso povo, normalmente passivo e com medo de autoridades, que prefere fugir para divertimentos fúteis a resolver seus próprios problemas. Ah! E tem o futebol, amputado como "símbolo cívico". Mas alucinado, impossível!
E o que é mais grave é que essa divinização da pátria ajuda a desviar as atenções do povo para oi que deveria ser o verdadeiro patriotismo: a luta insistente pelo bem estar de todos e pela melhoria das condições de vida oferecidas pelos bens naturais e artificiais de nosso território.
Espiritismo "patriota" é pura alienação
Para boa parte dos espíritas brasileiros, é confortável acreditar que o nosso país é "privilegiado". Ainda mais nos tempos de hoje, com a pseudo-prosperidade gerada pelo consumismo, pela supervalorização do Brasil como fonte e palco de entretenimento mundial e da reclassificação equivocada das classes, onde um indigente que tenha o mínimo de aparelhagem eletrônica em sua casa, é considerado "classe média".
Com a copa então, essa patriotada ufanista vai explodir de uma vez, levando toda a população a um delírio alucinado que droga nenhuma ainda teve o poder de levar.
Uma novidade a essa gente: o Brasil não é privilegiado, não é terra escolhida, paraíso, ou coisa parecida. É um lugar como outro qualquer, com almas resgatando suas dívidas e tentando aprender algo mais, que possa ser útil em vidas futuras.
Para os espíritas, a coisa ainda é mais grave, pois esse patriotismo mostra ainda um apego material arraigado, um sentimento que poderá se tornar nocivo quando as almas despirem de seus corpos, muitas vezes levando ao desespero de saber que a pátria onde estão na verdade é outra e não o Brasil que aprenderam a "amar".
Negar o patriotismo pode parecer ruim para mentes conservadoras. Mas é essencial para os espíritas que desejam ter uma vida tranquila e confortável do outro lado. Pois lá, a vida não acaba, mas muitas coisas que temos aqui terão que ser abandonadas, como uma criança que larga a sua chupeta ao crescer mais um pouquinho.
Terras são divididas por homens. São algo que nunca poderia ter caráter divino, como costumam rezar as cartilhas patrióticas.
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