Raciocínio lógico pode afetar fé em Deus, diz pesquisa
OBS: Ontem eu discuti o hábito arraigado na sociedade brasileira de considerar o fato de "ter fé" como virtude. Se depender disso, teremos um verdadeiro surto de burrice ecumênica a se espalhar pelo país, já que as pessoas vão preferir a fé do que a razão. Pois a razão, além de exigir o esforço que os brasileiros não querem se submeter, é estigmatizada como coisa de "gente chata", "gente de mal com a vida".
Viver na alienação, acreditando em coisas não existentes é muito confortável, mas pode gerar danos, já que muitos espertos se aparoveitam da credulidade alheia para lucrarem - e muito.
Infelizmente a sociedade brasileira está muito longe de se evoluir e lamento ter que dizer que estamos entrando numa versão atiualizada e tupiniquim da Idade Média, a famosa "idade das trevas", que representou uma imensa estagnação social que durou séculos.
A propósito: a natureza nos deu o raciocínio pra quê? Para servir de "enfeite"?
Raciocínio lógico pode afetar fé em Deus, diz pesquisa
REINALDO JOSÉ LOPES EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE" - 30/04/2012 - 11h43
O "ministério da cultura" adverte: contemplar a escultura "O Pensador", do francês Auguste Rodin (1840-1917), pode fazer com que você fique menos religioso.
A frase soa como loucura, mas esse é um dos achados de um estudo que acaba de sair na revista "Science".
Trata-se, na verdade, de um caso particular de um fenômeno mais amplo: aparentemente, levar as pessoas a pensarem de modo mais "racional", por meio de influências sutis (como a exibição da célebre imagem do homem refletindo), reduz as tendências religiosas dos sujeitos.
A pesquisa é assinada por Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), que estão entre os mais destacados estudiosos da psicologia da religião.
Eles partiram de uma hipótese apoiada por outros estudos, segundo a qual pessoas religiosas preferem usar a intuição ao processar dados, enquanto os não religiosos usam o raciocínio detalhado.
Os religiosos, por exemplo, acabam caindo com mais facilidade em "pegadinhas" lógicas, independentemente de seu QI ou nível educacional.
A dupla de pesquisadores combinou esse dado com uma técnica comum de psicologia experimental, o chamado "priming", que envolve o uso de um estímulo prévio para "preparar" a mente do participante de forma a reagir de certa maneira.
Sabe-se que o "priming" funciona em contextos educacionais. Se alunos de uma escola da periferia leem, antes de uma prova de ciências, sobre garotos pobres que se tornaram grandes cientistas, tiram notas melhores.
No estudo canadense, dezenas de voluntários tinham de realizar tarefas, metade das quais poderia levar a um "priming" do pensamento analítico, enquanto a outra metade era neutra.
Sabe-se que até ler um texto com letras miúdas pode favorecer a ativação desse tipo de raciocínio.
Os voluntários que fizeram as tarefas "analíticas" tiveram menos propensão a se declarar religiosos depois.
Para os pesquisadores, um motivo possível para isso é que a religiosidade depende de processos mentais intuitivos, como detectar "personalidade" no mundo -mesmo em contextos inanimados, como a natureza, o que levaria à crença em deuses. O raciocínio analítico poderia bloquear isso.
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