O que realmente é a ortodoxia?
OBS: Adorei este texto. Ele simula dois diálogos interessantes e os compara, mostrando como acontece a polêmica entre os espíritas místicos (predominante no Brasil) e os espíritas científicos (minoria fiel a Kardec).
Leiam com atenção e vejam se não é assim que acontece.
O que realmente é a ortodoxia?
Por Lília do Canto - 12:50 O Blog dos Espíritas
Se você, por preguiça ou falta de tempo, até agora não leu nada sobre a ortodoxia espírita e mesmo assim tenta combatê-la, sem saber o que é, esse diálogo vai esclarecê-lo. Peço que tenha a mente aberta e tire suas próprias conclusões, sem se deixar levar pelo o que ouviu falar ou pelo que pensa a maioria.
Astrônomo: então, o que você tem feito da vida?
Astrólogo: nesses últimos anos eu tenho estudado astronomia.
Astrônomo: sério? Eu também! Amanhã vou fazer uma palestra sobre pulsares e...
Astrólogo: também vou fazer uma palestra!
Astrônomo: sobre o que?
Astrólogo: as crianças do signo de gêmeos.
Astrônomo: mas isso não é astronomia!
Astrólogo: muitos astrônomos pensam assim, mas sabe porque? É que alguns têm a mente muito fechada, não aceitam novas ideias. Isso se chama intolerância e é um desrespeito.
Astrônomo: Eu não estou desrespeitando a sua profissão. Você, ao contrário, que está confundindo astronomia com astrologia.
Astrólogo: o que importa é a caridade. E no momento em que você exclui a astrologia dos seus estudos, está faltando amor, pois está sendo desrespeitoso. Vocês astrônomos acham que são os únicos donos da verdade? Como vocês poderiam progredir sem aceitar ideias de outros grupos?
Astrônomo: e como nós poderíamos progredir aceitando qualquer ideia de qualquer grupo, sem verificação nenhuma? Nós temos métodos para saber se uma afirmação é verdadeira, ou não. Se algo não está dentro desse método e mistura achismos com misticismos, não é aceito. Ponto. Eu não preciso dizer as falhas da astrologia, porque é o que você trabalha. Você pode continuar com suas crenças, não quero desrespeitar, mas não confunda com o meu trabalho.
Astrólogo: Qual é o problema de errar um detalhezinho? Eu só disse que os signos eram da astronomia, tudo bem, eu errei, mas não precisa fazer um discurso, isso não tem importância.
Astrônomo: é por esses pequenos detalhes que uma grande confusão se faz. Cada um diz o que acha, mas não tem certeza, e fica por assim mesmo. Logo, todo mundo pensa erroneamente. Quem tenta esclarecer as pessoas, é chamado de intolerante, dono da verdade. E não fuja da discussão, você deve se responsabilizar pelas palavras. Quem começou falando nisso? Você. E, se for do seu interesse, posso mostrar como a astrologia é falha.
Astrólogo: não, não quero saber o que você tem a dizer. E você sabe o porquê? Porque você esqueceu uma das máximas da caridade: BENEVOLÊNCIA AOS DEFEITOS DOS OUTROS E PERDÃO. Você não aceita que pensem diferente de você. Minha opinião é essa: astrologia e astronomia não tem diferença.
Astrônomo: isso não é questão de opinião. Ou é, ou não é, e a verdade é que têm muita diferença.
Astrólogo: está vendo como você não aceita ideias diferentes? Você só sabe criticar tudo. Espero que um dia você mude e saiba ser HUMILDE. Você não merece minha atenção, pode continuar falando mal da astrologia, mas não vai me convencer.
Astrônomo: você nem ouviu o que eu tenho a dizer.
Astrólogo: não vou escutar nada. Se eu quiser eu continuo com meus signos e símbolos, não importa se você fizer outro discurso, já é um desrespeito quando você exclui a astrologia da sua ciência. ESTOU INDO EMBORA, MUITO OBRIGADO.
Vocês enxergam alguma semelhança disso com o Movimento Espírita Brasileiro atual?
Diálogo 2: Espírita e místico
Místico: mas o que esse diálogo do astrônomo e astrólogo tem a ver com o Espiritismo?
Espírita: simples, a astrologia está para astronomia assim como a alquimia e o misticismo está para o Espiritismo.
Místico: acho injusto chamar as obras dos médiuns famosos, como chico xavier, de misticismo. Elas são grandes complementos da codificação.
Espírita: o erro está quando elas são vistas como verdades absolutas. Por exemplo: na codificação, os espíritos dizem que metades eternas não existem, pois não há determinismo, ou seja, não há almas gêmeas. Mas Emmanuel diz que existem. Na codificação, as informações passaram pelo crivo do CUEE. E no livro de Emmanuel, é apenas uma opinião individual, mesmo assim há pessoas que preferem segui-lo.
Místico: Se Emmanuel é opinião individual, porque a codificação também não é? Não estou entendendo. Isso é fanatismo, pois Kardec não é o dono da verdade!
Espírita: a codificação não é de Kardec. Ele compilou as informações de vários espíritos, de vários médiuns, de lugares diferentes. É o CUEE, Controle Universal do Ensino dos Espíritos. Um método de averiguar qualquer informação vinda dos espíritos. Nenhuma comunicação mediúnica é perfeita, e na maior parte das vezes é animismo (vem do próprio médium, sem ele saber). Por isso, com várias comunicações, aumentam as chances de serem verdadeiras. Kardec irá te explicar melhor.
Allan Kardec:
[...]as revelações que cada um possa receber terão caráter individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas [...]
[...] A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação. Importa, no entanto, que ela se dê em determinadas condições. A mais fraca de todas ocorre quando um médium, a sós, interroga muitos Espíritos acerca de um ponto duvidoso. É evidente que, se ele estiver sob o império de uma obsessão, ou lidando com um Espírito mistificador, este lhe pode dizer a mesma coisa sob diferentes nomes. Tampouco garantia alguma suficiente haverá na conformidade que apresente o que se possa obter por diversos médiuns, num mesmo centro, porque podem estar todos sob a mesma influência.
Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. [...]
[...]as revelações que cada um possa receber terão caráter individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas [...]
[...] A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação. Importa, no entanto, que ela se dê em determinadas condições. A mais fraca de todas ocorre quando um médium, a sós, interroga muitos Espíritos acerca de um ponto duvidoso. É evidente que, se ele estiver sob o império de uma obsessão, ou lidando com um Espírito mistificador, este lhe pode dizer a mesma coisa sob diferentes nomes. Tampouco garantia alguma suficiente haverá na conformidade que apresente o que se possa obter por diversos médiuns, num mesmo centro, porque podem estar todos sob a mesma influência.
Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. [...]
Místico: mas como o Espiritismo pode progredir se a única verdade está em livros que foram escritos no século passado?
Espírita: quem disse isso? Hoje quase não há pesquisas, pois como consideram o Espiritismo uma religião, e em religião ninguém pesquisa nem há averiguação da verdade, tudo fica na mesma. E foi por causa disso que foi criado o NEFCA, Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas, onde estão fazendo novas pesquisas sem o misticismo impregnado no MEB (Movimento Espírita Brasileiro). Mas é claro que o NEFCA não é o único. Há grupos que estudam também a Doutrina Espírita, aliás qualquer grupo pode fazer isso, desde que não faça uma mistureba como a maioria dos grupos. Pois a maioria está mais preocupada em criar estátuas do Chico Xavier, vender camisetas "Nosso Lar" e espalhar o falso Espiritismo pelo mundo. Por isso há aqueles que estão fazendo de tudo para esclarecer as pessoas.
Místico: tudo bem, mas não entendi quando você disse que Espiritismo não é religião. É sério?
Espírita: me mostre um trecho da codificação onde fale que Espiritismo é religião. Nós não temos cultos, nem santos, nem velas, nem símbolos, nem palavras sagradas, nem hierarquia, nem sacerdotes, nem rituais, nem rezas, nem simpatias, nem nada. Não vou entrar a fundo nesse assunto agora, o objetivo aqui é que você saiba o que realmente é o Espiritismo ortodoxo, e se quiser saber mais sobre isso é só dar uma pesquisada na internet.
Místico: mas a maioria dos espíritas pensa diferente.
Espírita: por isso eu disse: não vá pela maioria, nem pela minoria, vá por si mesmo. Aliás, há pessoas que até concordam com a ortodoxia espírita, mas se mantém em silêncio, com medo de serem excluídas. Mas para convencermos alguém de uma ideia, com certeza o caminho não é fácil, mas não divulgar uma ideia por causa disso é covardia. Você foi uma exceção por ter me escutado, pois a maioria fecha os ouvidos e diz que queremos ser donos da verdade. O que você acha? Será que você mudou de ideia a nosso respeito, ou vai continuar com os mesmos pensamentos?
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