Pobres são tratados como animais


Uma coisa que eu sempre notei é que os pobres são tratados como se fossem animais. Ou na melhor das hipóteses como uma sub-espécie "inferior" da espécie humana. Conservadores e abastados sempre consideraram os pobres como algo inferior, que não merece os mesmos direitos dos mais favorecidos e que nos momentos de indignação devem ser privados de sua liberdade.

Isso pode ser observado não apenas no preconceito sofrido pelas classes menos favorecidas como também na forma de como é feita a caridade, sempre paliativa e nunca dignificante. A ajuda que os pobres recebem sempre é insuficiente. Uma forma feita muito mais para suportar a pobreza do que acabar com ela.

É notável que os confortáveis nunca dão para os aflitos os mesmos bens e direitos que querem para si. Quando alguém decide fazer caridade compra bens e alimento muito inferiores ao que consome. Isso quando não resolve tratar os pobres como latas de lixo, dando a eles o que não interessa mais ao suposto "benfeitor".

Não apenas o preconceito e a caridade feitos com os pobres levam em conta o mito de que são "seres inferiores que merecem ser tratados como tais". Uma analogia interessante pode comprovar o modo de como as elites e a classe média enxerga os pobres, como quem enxerga os animais, esmo de forma positiva.

Veja eventos de caridade que mostram pobres dançando alegremente. As elites e a classe média adora, fica feliz e pensa que o pobre está sendo feliz também. As elites impõem que os pobres se considerem felizes com o que tem, "extraindo alegria da dor". Quando pobres cantam, dançam, rebolam, jogam bola e empinam os traseiros, são comparáveis aquele bichinho fofinho que pula alegremente em nossas pernas. Não há quem não goste.

Mas veja o animal se sentindo prejudicado. Experimente pisar na pata do cachorrinho fofinho e ele se transformará numa fera a se defender da dor sentida. Por isso mesmo que as mesmas elites e classe média que aplaudem os pobres quando dançam, cantam e jogam bola começam a condenar os pobres quando estes se manifestam em prol de seus direitos, não raramente de forma agressiva, justamente inconformados com a precariedade de sua qualidade de vida.

Nesta situação de protestos por direitos, os pobres são tratados como bichos ferozes e por mais pacíficas que sejam as manifestações, as elites não hesitam em pedir para forças policialescas para tentar dominar ou punir os pobres inconformados. Aquela imagem fofa de pobres empinando seus traseiros desaparece para dar lugar a seres humanos indignados pelo prejuízo causado pelas classes superiores que "pisaram em suas patas".

Isso mostra que os pobres são tratados como animais até mesmo nas situações amistosas. Por isso mesmo que a caridade feita com os mais carentes deve oferecer algo inferior como sopinhas aguadas e a medonha ração oferecida pelo prefeito João Dória. Duvido muito que Dória dê ao seu cãozinho, muito mais amado que qualquer ser humano, uma ração feita com restos de comida quase estragada que seriam descartados.

Por isso que não acredito nesta caridade estimulada e praticada por ONGs, instituições de caridade, religiões e iniciativas como o Criança Esperança. Pois esta forma de caridade nunca doa um bem maior que é a dignidade, a capacidade de tratar um sr humano como ser humano, independente de sua situação econômica.

Pobres são acima de tudo seres humanos. E pelo que eu saiba, biologicamente não há qualquer traço que faça distinção entre o nobre de uma mansão e um pobre de um barração. Quem acha que tem, não sabe o que significa "ser humano.

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