Traficantes cariocas que seguem religiões evangélicas ordenam destruição de templos de religiões afro-brasileiras

Um cenário triste de intolerância religiosa começa a acontecer com frequência no Rio de Janeiro: traficantes que seguem religiões conhecidas domo "evangélicas" (??!!) ordenam, através de ameaças e atos de violência a destruição de templos de religiões afro-brasileiras como o Candomblé.

Argumentam que agem "sob ordens de Nosso Senhor Jesus Cristo" e alegam que as religiões afro-brasileiras são"malignas" e "cultuam Satanás", um dos nomes dados a entidade do mal que, segundo os evangélicos, disputa o governo do universo com Deus.

Vários desses ataques não se limitam a destruição, já que criminosos, vários de linha neo-pentecostal - linha religiosa normalmente intolerante e altamente expansionista e que foi uma das forças atuantes no golpe político de 2016 - se aproveitam para furtar objetos de valor, para revender e também para dar aos ataques o caráter de roubo comum, sem as características de intolerância religiosa, que poderiam agravar a pena.

Apesar de nossa equipe ser ateia, ninguém aqui tolera nem estimula desrespeito às religiões, que fazem parte de um estágio da humanidade, ainda incapaz de entender o mundo não-corpóreo sem acreditar em estórias fantásticas. Religiões podem até distorcer a realidade, mas pelo menos servem como fonte de cultura através das lendas e ritos e obras de arte que fazem parte de seu repertório.

As religiões afro-brasileiras têm contribuído fortemente para o enriquecimento cultural do Brasil e a acusação de que prejudicam os outros é mero mito, pois muitas dessa religiões de origem africana são comandadas por pessoas de boa índole, infelizmente confundidas com os charlatães, esses sim de má índole, que usam o nome das religiões afro-brasileiras para lucrar com prejuízo alheio.

Curioso que os evangélicos agem em nome de Jesus, que normalmente é considerado símbolo máximo da bondade altruística. Sinal de que a intervenção de pastores evangélicos nas prisões nada tem adiantado para melhorar o caráter dos criminosos, que se utilizam da religiosidade para forjar uma bondade que não têm no seu coração.