Religiosidade existe por causa da sociabilização
O ser humano é um ser social. Necessita da companhia de outras pessoas. Além disso, no mundo moderno, muitos benefícios são adquiridos através do contato com outras pessoas. Sem falar que o mercado de trabalho cada vez mais valoriza o "espírito de equipe" priorizando não raramente a simpatia e a extroversão em entrevistas de emprego.
A sociabilização faz parte do instinto humano. A fé também. Observando muito bem, a gente percebe que, mesmo que a necessidade de um tutor (base da fé), que também tem a ver com a sociabilização (tutor é uma outra pessoa, entendamos) seja o principal motivo para a nossa religiosidade, a sociabilização tem uma grande e importante função no fato de termos uma crença em algo ainda não comprovado como real.
A sociedade sempre seguiu a maioria. Há uma ilusão de que a maioria está sempre certa. Isso é instintivo, pois unidos em grandes grupos, como acontece com as anchovas, fica mais fácil de se defender e garantir a sobrevivência. Mas não somos anchovas, não precisamos disso. Temos o raciocínio que nos dispensa do instinto da necessidade de andar em manadas.
Mas como ainda somos instintivos, queremos seguir manadas e ter fé. E como a maioria das pessoas é religiosa, seremos religiosos também. um individuo que vive em um lugar onde todos os vizinhos que ele conhece são religiosos, certamente ele será, graças ao medo de ficar sozinho.
Ficar sozinho, pelo jeito é o maior medo da maioria das pessoas. Há o medo da morte, mas é nítido o alto empenho em evitar a solidão, muitas vezes vista como ponto de partida para a morte, já que muitas das necessidades essenciais são obtidas por meio da sociabilização.
Não podemos esquecer que há um preconceito violento contra ateus e que lideranças religiosas são altamente influentes. Por serem supostos representantes do que as pessoas conhecem como "Deus", lideranças religiosas são tratadas como "seres humanos mais-que-perfeitos", honestos, incorruptíveis e altamente generosos, mesmo que isso não seja notado na prática. O próprio fato de ser uma liderança religiosa traz embutida estas supostas qualidades.
Somando isso com a necessidade de sociabilizar com quem é religioso - e são muitos religiosos - fica quase impossível abrir mão da religiosidade sob pena de ser discriminado (senão criminalizado) e perder direitos importantes para a garantia da sobrevivência.
Enquanto a religiosidade for condição exigida para a sociabilização, a maioria da população será religiosa. Por mais absurdas que sejam a ideia da existência de um homem governando o universo (Deus) e os dogmas surreais das crenças que nos são impostas.
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