Esquerdistas brasileiros apelam para o pensamento desejoso para reinterpretar frase da Marx sobre religião

Infelizmente, o Brasil é um país conservador, embora não goste de assumir o rótulo - com exceção dos bolsonaristas, pois nem a direita moderada (PSDB, DEM, PMDB e similares), quer se assumir como tais. E como conservador, quer conservar instituições, costumes, conceitos e crenças, apenas adaptando-as para os dias atuais. Entre as coisas a serem conservadas está a fé religiosa.

Por serem brasileiros, antes de serem progressistas, as esquerdas brasileiras são claramente conservadoras. Claro que nunca vão assumir esta rotulação, arrumando um drible na lógica para tentar provar que desejam mudar o mundo sem mudar nada contido neste mundo. Sempre haverá a ideia de viajar para 2000 anos atrás para tentar resolver os problemas do mundo atual, por mais obsoletas que sejam as soluções.

Curiosamente, as forças progressistas são seguidoras de Karl Marx, o fundador da ideologia de esquerda. Marx, que era ateu, do contrário da maioria esmagadora dos esquerdistas brasileiros - traição?! - disse uma vez que a religião é o ópio do povo. 

Ou seja, a fé, como se chama a crença em seres invisíveis superpoderosos e estórias surreais, é um vício que as pessoas se recusam a largar, chegando ao ponto de construir todo o seu projeto de vida com base nesta crença em teses absurdas e coisas sem sentido, impondo a aplicação de dogmas religiosos ao cotidiano de nosso mundo real.

Colocados em um dilema em seguir um ateu que chamou a religiosidade de droga e a crença de que o universo e todas as criações, incluindo a humanidade, têm um dono, chamado de Deus, tiveram que se aproveitar do fato de que Karl Marx está morto e tentar mudar o sentido da frase dele.

Vários esquerdistas religiosos arrumaram este jeitinho, sempre de forma subjetiva, com base no pensamento desejoso - wishful thinking - para tentar fazer com que Karl Marx se tornasse "menos ateu". Tentar enfiar na boca o pensador alemão de que ele não estava falando da religiosidade.

As desculpas variam, mas sempre fica a impressão de que Marx estava criticando apenas o fanatismo religioso ou quando as religiões são usadas para lucro financeiro de suas lideranças. Para outros, pode estar criticando certas linhas religiosas e não o Cristianismo - já que para os esquerdistas cristãos, Jesus era um socialista e inventor da bondade, cuja patente do altruísmo deve ser atribuída ao nazareno.

Além de ser um acinte ao pensamento livre de Karl Marx, é um verdadeiro retrocesso de pessoas que se assumem como progressistas, mas se recusam a descartar o mais retrógrado de seus patrimônios, que é a fé religiosa, que desaparece aos poucos em nações com níveis de escolaridade e de qualidade de vida muito melhores do que os do Brasil.

Enquanto o mundo se evoluí, descartando de vez o seu maior ópio, vemos esquerdistas enxergando um futuro igual ao passado, com a mesma fé dos tempos medievais, envernizada para parecer moderna, enquanto ela vai perdendo aos poucos seu sentido de existir, pela incapacidade comprovada em mais de 2000 anos de resolver qualquer tipo de problema entre as pessoas.

Mas para quem defende que ópios nunca fazem mal, como os esquerdistas, a religiosidade deve ser mantida. Até porque resolver a realidade é muito difícil. Deixemos para seres invisíveis superpoderosos como Deus e os santos a missão de resolver a realidade, enquanto nós, pobres mortais, fugimos de nossos próprios problemas. E Karl Marx que se dane com seu ateísmo!

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