Bolsonaristas querem livrar João de Deus da cadeia

Uma das notícias que marcaram este final de um tenso 2018 foi a acusação por mais de 200 vítimas de assédio sexual praticado pelo suposto "médium" João Teixeira, o João de Deus. As denúncias afirmam que assédios eram feitos pelo "médium" há mais de 40 anos e que entre as vítimas estava a própria filha do mesmo, que riquíssimo, latifundiário e mandava na política de sua cidade, Abadiania em Goiás.

João era discípulo de Chico Xavier, que teria ensinado a metodologia da suposta "mediunidade" e da filantropia sem resultados que servia mais para promover o "médium" e atrair popularidade para ele. Fiéis afirmavam terem sido curados por ele, embora ele se recusasse a curar seu próprio câncer, o que despertou muita desconfiança de pessoas mais sensatas, menos suscetíveis a fé cega.

As denúncias levaram o latifundiário à prisão, além do boqueio de bens e do fechamento das atividades, o que prejudicou o turismo religioso estimulado pelo fanatismo em torno de João, considerado o "médium" das celebridades e possível sucessor de Divaldo Franco no comando diplomático da doutrina, que já nasceu deturpada há mais de 130 anos.

Mas muitos admiradores do "médium" acham a prisão injusta e pedem, mesmo admitindo a veracidade das acusações, a liberdade de João, por perdão. Afirmam que as curas são verdadeiras (embora não houvesse clima energético para isso) e que pessoas ficariam prejudicadas sem a ajuda do trabalho e do apoio do latifundiário.

Curioso que entre os que defendem a liberdade de João de Deus estão vários bolsonaristas, que acham que a ridícula prisão de Lula, decidida sem provas por motivos explicitamente políticos, foi justa. Bolsonaristas, praticantes e entusiastas do machismo, não condenam os abusos sexuais, tratando como algo leve que pode ser perdoado. Bolsonaristas já haviam defendido o empresário-apresentador Sílvio Santos no assedio cometido contra a cantora Cláudia Leitte.

Uma conversa escutada por um amigo de nossa equipe serviu de exemplo disso. Dois homens em uma fila de supermercado pediam a liberdade do "bom homem" João de Deus comparando-o com o "malvado" Lula , que supostamente teria enriquecido com impostos de renda transferidos para suas contas. Os dois homens eram claramente admiradores de Bolsonaro e se mostraram otimistas com a chegada dele ao poder, a partir de janeiro.

Dois pesos e duas medidas: Lula não tem diploma de nível superior, tem origem pobre e nasceu em Pernambuco, nordeste brasileiro. João é branco, rico e é uma liderança religiosa de orientação cristã. Bolsonaristas adoram lideranças religiosas cristãs. Os perfis mostram os motivos que levam o primeiro a ser hostilizado e o segundo admirado, mesmo injustamente.

Os crimes de João de Deus aos poucos vão sendo comprovados. Os de Lula continuam sem provas, com vários fatos que levam a confirmação de prisão política. Políticos ligados ao governo de Bolsonado tem sido pegos com corrupção comprovada e continuam livres, leves e soltos, com o judiciário lavando as mãos. O que mostra que não há combate a criminalidade nem a corrupção e si combate aos pobres e aos políticos que os ajudam.

E segue a vida: provavelmente, João será solto, até por ser um riquíssimo latifundiário politicamente influente e que atende a celebridades da TV e do cinema. Já Lula, que ameaça os interesses privados dos ricos e da class média (classe a qual pertence os dois cidadãos do supermercado), continuará reso, até que apareça um corajoso para matá-lo. Pois não falta quem queira ver o melhor presidente de todos os tempos "batendo as botas". Infelizmente.

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