Porque há muitos cristãos perversos?

Para muitos parece estranho que existam muitos cristãos sem caráter na face da Terra. A religião é tida como regulador moral e o altruísmo, para a opinião pública, é uma ação devidamente privatizada pelas instituições religiosas. Boa parte das pessoas acreditam que não dá para ser altruísta sem ter fé. Pelo jeito, a tal cobra falante tem o poder de salvar muitas vidas...

Acontece que a função de "regulador da moral" dado às religiões não é algo lógico. Religiões, sem qualquer tipo de exceção, são mitologias, coleções de lendas surreais sobre seres superpoderosos e animais fantásticos que povoam o imaginário da humanidade há séculos. Funcionam como cultura mas são péssimos controladores da realidade.

Por serem surreais como as mitologias devem ser, seus dogmas cometem erros graves que levados a sério provocam danos no mundo real, através de preconceitos e da imposição da fé. Quem acredita em algo, quer que outros também acreditem e lança mão de meios de mudar a realidade para que o tal dogma surreal seja coletivamente aceito como fato real.

Isso explica a possibilidade, aparentemente contraditória, de haver pessoas mal intencionadas entre os cristãos, tradicionalmente estigmatizados como pessoas boas e virtuosas.Bondade e sabedoria nada tem a ver com fé religiosa e se existem cristãos bons é porque sua bondade reside na personalidade e não na fé. Pois fé é acreditar e nada impede alguém de acreditar em valores perversos.

O exemplo do personagem Jesus pode ser interpretado ao gosto de quem o vê. Mesmo que o perfil de Jesus represente o altruísmo em seu extremo, um fiel interesseiro que se opõe a uma classe de pessoas (um cristã direitista, por exemplo) pode interpretar o altruísmo cristão como reservado apenas para uma classe de pessoas que supostamente "seguiria Jesus", com base em critérios subjetivos que só existem na cabeça do tal fiel.

E como religiões são reguladoras do moralismo, possuem o caráter punitivista. Para as religiões pessoas que não se encaixam no perfil de "boas" (o que é relativo, pois ninguém é 100% mau ou 100% bom) merecem sofrer algum tipo de dano para "aprender as lições cristãs". O problema são estas lições "cristãs", não raramente contradizentes com o altruísmo atribuído a Jesus Cristo.

O moralismo cristão tem cometido muitos erros na hora de definir quem deve ser punido, causando um festival de cruéis injustiças. Uma pessoa educada a ser carola certamente vai achar que o não-carola é alguém que merece se ferrar na vida. E encontra a "permissão divina" para cometer atrocidades contra o suposto "pecador". Por isso que há maldade no coração dos cristãos que se acham melhores que as outras pessoas, s empenhando em prejudicar quem não compartilha da mesma crença.

Interessante que quanto a ateus, estigmatizados como "seres malignos" por não serem "obedientes a Deus", seguindo aquilo que os religiões definem como "correto", não se vê atrocidades cometidas com tanta frequência. Ateus maus são poucos e quando praticam maldade, o fazem por interesses e não por ausência de fé. Quanto a cristãos, não raramente a religiosidade dá sinal verde para que o fiel possa agredir e atá matar os considerados "pecadores".

Não vemos contradição e ser malvado e religioso. A religiosidade é a crença em lendas, estórias sem pé nem cabeça. Dependendo daquilo que alguém acredita, a maldade pode ser estimulada pela fé. Se você acredita que somente certas pessoas tem o direito à felicidade e à dignidade, você terá condições de praticar a maldade, sob desculpas religiosas.

Mas, cuidado: há perigo em não separar contos surreais de fatos da realidade. Pois aquilo citado em uma estória surreal pode ser o ponto de partida para que arruinemos a humanidade como um todo. Como está acontecendo há muitos milênios, resultando no fracasso humanitário que observamos com apreensão em pleno século XXI.

Infelizmente, as fogueiras da inquisição não foram devidamente apagadas no século em que vivemos...

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