Religiosos e foliões: a mesma ilusão, o que difere é o tipo de ópio

Normalmente durante o Carnaval, seguidores de religiões costumam fugir dos eventos momescos. Acreditam eles que a folia representa algum tipo de associação com o mal ou coisa parecida. É apenas uma crença (o mal não está no Carnaval, mas nas cabeças de quem comete abusos de qualquer tipo nesses eventos), mas incomoda os religiosos.

Mal sabem eles - e muita gente também - que o Carnaval, por incrível que pareça, é um evento religioso, obedecendo o calendário Católico. Diz a tradição que o Carnaval seria uma forma das pessoas soltarem seus pecados para depois serem purificados na chamada quarta feira de cinzas. O Carnaval seria uma espécie de purificação através da liberação dos instintos.

Mas o que eu quero comentar aqui é que tanto o Carnaval como as religiões são na verdade formas de ilusão e fuga da realidade. Tanto foliões quanto fiéis querem fugir dos problemas reais que se recusam a resolver por meio do intelecto. Aliás, esse é o ponto de afinidade entre religiosos e foliões: o horror ao intelecto. Ambos querem descansar o cérebro e soltar de um modo ou de outro atividades instintivas, seja no sexo irresponsável, seja no culto a seres imaginários. No final, tudo acaba sendo a mesma coisa, nada resolvendo nas vidas de ambos os grupos sociais.

Na verdade, o fato de cada grupo criticar o outro (foliões acusarem fiéis de "caretas" e fiéis acusarem foliões de "pervertidos"), soa uma boa hipocrisia, pois nenhum dos dois grupos estão interessados em melhorar a sociedade como um todo e sim ficarem trancafiados em seus interesses mundanos, seja para satisfazer instintos corporais, seja instintos "espirituais". 

Foliões e fiéis: muito mais parecidos do que qualquer um pode imaginar. Enfim , a mesma ilusão, através de ópios diferentes. Mas o objetivo vicioso de querer fugir da realidade de forma instintiva, é absolutamente o mesmo. Com isso, tudo fica como está, principalmente os problemas cotidianos. Ninguém está a fim de resolvê-los.