É desta forma que iremos nos evoluir?
Ontem cheguei em casa após fazer uma excelente prova de concurso e recebi esta notícia através de meu irmão que estava vendo pela internet. Uma tragédia ocorrida em uma cidade interiorana do Rio Grande do Sul teve uma imensa quantidade de vítimas mortas.
Não vou ficar como os outros blogues na pieguice de chorar pela morte das vítimas. Todos se esquecem que a morte é a única certeza na vida e as religiões, incompetentes e alucinadas como há séculos, ao invés de educar a sociedade prefere embutir o medo em seus corações, no que resulta nessa pieguice desesperada que vemos neste episódio e que é estimulada pela mídia.
Vão me chamar de insensível, de "mau caráter", mas nestas horas, o equilíbrio emocional é indispensável. Claro que fiquei perplexo com o desastre. Não há como não ficar triste com isso. Mas o que quero dizer é que não é a pieguice desesperada que vai trazer as pessoas de volta. Elas continuam a sua caminhada no outro lado da vida, em outra dimensão. É cruel, mas é real dizer: as vítimas tiveram que passar por isso. Fazia parte do aprendizado de seus espíritos, verdadeiros seres dentro dos corpos finados, meras "roupas".
A tragédia aconteceu por irresponsabilidade. Show pirotécnico? É necessário? Não era um show musical? porque hoje a música tem que ser cada vez mais visual? Poderia ter dispensado muito bem o show pirotécnico. Mas como hoje a música está cada vez pior, os efeitos visuais surgem para compensar isso.
Tá, e a boate? Pelo que se diz, parece que não tinha estrutura para o evento ocorrido. Será que não tinham percebido isso? Porque os seguranças impediram as pessoas de sair, mesmo com o perigo evidente? Será que estes seguranças são um bando de tapados que não conseguiam entender o que estava acontecendo, tendo que esperar por uma ordem para agir numa situação como essa? Sobram perguntas e faltam respostas.
A sociedade não sabe o que é alegria. Cotidianamente incomodada com o excesso de trabalho (a carga de trabalho de 44 horas semanais é muito alta), mas com medo de reagir contra isso (até porque confunde tempo livre com "preguiça"), a sociedade brasileira procura se divertir de forma cada vez mais alienada, colocando uma falsa alegria gerada por bebidas e foguetórios (integrantes dessa tradicional obsessão compulsiva do brasileiro por festas e eventos sociais) no lugar da alegria que não conseguem desenvolver em seus corações. Aí dá nisso e a sociedade chocada fica sem entender aquilo que na verdade é culpa dela mesma.
Vivemos numa sociedade de excessos. Ou é a loucura do álcool e das drogas ou é o moralismo irresponsável das religiões, sempre baseadas na ficção e no medo. Ainda não encontramos o equilíbrio entre os prazeres da vida e a responsabilidade. E damos sinais de que não iremos encontrar tão cedo.
Seria bom que muitas lições pudessem ser aprendidas neste triste episódio. Muita gente acaba servindo de mártir, morrendo para que a sua morte sirva de lição para os que ficam. O brasileiro só aprende apanhando e essa "surra", embora dolorida, tem muito mais eficácia do que as palmadinhas imbecis que os pais dão em seus indefesos filhos para desabafar dos problemas que se recusam a resolver, seja pro preguiça ou por medo. Preguiça e medo bastante estimulados pela mídia e pelas regras sociais de que não conseguimos nos libertar.
E sendo medrosos e preguiçosos como insistimos em ser, é que nos consideramos prontos para "liderar o mundo" neste novo milênio? Ora, amadureçam, brasileiros, amadureçam!
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