Religiosidade de esquerdistas brasileiros torna subjetiva a admiração por Lula, transformando-a em messianismo

Os esquerdistas brasileiros cometem o grave erro de continuarem religiosos. Mesmo tendo um ateu como seu fundador ideológico, a esquerda brasileira, mais por ser brasileira do que por ser esquerdista, se recusa de maneira insistente e teimosa em largar a zona de conforto da religiosidade. 

Mesmo se considerando mais inteligente que os direitistas, esquerdistas brasileiros acabam por usar a fé religiosa no lugar da racionalidade, até por uma questão de menor esforço. Acreditar não exige esforço e ainda por cima parece nobre e extremamente admirável.

Mesmo sem seguir uma crença determinada, brasileiros fazem questão de acreditar em Deus. Brasileiros se sentem carentes se não houver uma espécie de tutor invisível para cuidas da humanidade. Uma babá celestial a agir como uma espécie de pai, a cuidar, fazer as vontades e até "puxar a orelha" de vez em quando. Imaginar a possibilidade de ausência de um tutor leva muitos brasileiros ao desespero.

Este pensamento religioso faz com que brasileiros entendam os fatos de forma subjetiva, já que tudo passa a ser compreendido através da crença e não da análise. "Analisar" virou sinônimo de vislumbrar e ver as coisas ao redor sem verificar acabou sendo um costume tão comum que acabou se consagrando como meio das pessoas parecerem sábias sem ser, só porque opinaram sobre determinada coisa.

Por isso que as esquerdas brasileiras se tornaram tão burras quanto os direitistas - embora os lideres de direita dão um show de estratégia publicitária, se aproveitando da ignorância de seus seguidores e adeptos. Esquerdistas brasileiros se tornaram dogmáticos, fixando alguns conceitos duvidosos, baseados na subjetividade. Agem como autênticos religiosos, mesmo sendo de uma ideologia que originalmente tinha muito a ver com o ateísmo. Mas para quem defende a maconha e a cerveja, dizer que religião é um ópio parece bom demais. A fé não costuma "faiá".

Esse comportamento subjetivo das esquerdas, herdado da religiosidade, é estendida a admiração ao ex-presidente Lula. Ele não é visto como um estadista, como um gestor, coisas que ele foi de fato. Ele é visto como um messias, um semi-deus, um "mito". Da mesma forma como os bolsonaristas enxergam o seu "Mito". Lula é tratado como um salvador da pátria como Bolsonaro foi em 2018. Mesmo que ambos sejam extremamente opostos ideologicamente, são tratados da mesma forma pelos seus admiradores.

O otimismo ao redor de Lula é sintomático em relação a este messianismo. Mesmo num cenário de terra arrasada, cujas reformas de Temer não dão sinais de que serão revogadas e de toda a atenção suspeita que o deep state dos EUA dada ao Brasil, que o impede de virar potência, fazendo dos ianques donos legítimos das maiores riquezas em solo brasileiro, o povo segue acreditando, com empolgante e alucinada alegria, que iremos entrar na melhor fase da política brasileira. 

Isso sem reparar que os acordos com os golpistas de 2016 podem estar sinalizando uma espécie de bandeira branca. Ou seja, Lula pode estar desistindo de seu projeto de governo para não retornar a cadeia, objetivo real da direita moderada brasileira, controlada de fora pelo deep estate estadunidense. Os acordos com a direita moderada podem ter anulado as suas denúncias e colocado o juíz Sérgio Moro em suspeição. 

O subjetivismo que acabou por tornar a esquerda excessivamente otimista é um mal sinal. Pode ser que Lula esteja sendo colocado no centro das atenções para ser humilhado de uma vez por todas, já que não terá condições de transformar o Brasil em uma Suécia, condição sine qua non para calar a boca dos anti-petistas, que ainda são muitos e demonstram ter motivos para estarem com a razão, entendendo este apoio todo como resultado de um suborno, já que vários dos inimigos de Lula o enxergam como "homem mais rico do país, capaz de subornar para que todos ajam a seu favor".

Lula teria que fazer um governo visivelmente bem sucedido, capaz de convencer seus algozes de que é um governante honesto e competente. Se não conseguir fazer uma gestão muito mais do que bem sucedida, apenas um governo bom, o deep state rapidamente acionará a grande mídia, ainda bastante confiável para os inimigos de Lula, para transformar o ex-sindicalista em um governante fracassado e soltar novas mentiras que o incriminem ainda mais, varrendo de uma vez a esquerda da política brasileira e entronando para sempre a direita moderada que governará o país através de longas dinastias, tranquilizando as grandes elites brasileiras que sonham em ver uma representante delas na presidência, trabalhando em prol de seus gananciosos interesses particulares.

Quando isso ocorrer, os admiradores de Lula e também  o resto dos seguidores das esquerdas brasileiras vai sofrer uma grande decepção e seguirá abandonada. Os pobres de direita, por sua vez, seguirão conformados com a sua miséria, na eterna crença de que é só dar mais dinheiros para os ricaços que em um futuro remoto verão toda a renda brasileira ser melhor distribuída através de salários aumentados e projetos de caridade, vindo de religiosos confiáveis. 

Enfim, a religião, sempre ela, é a instituição ainda mais confiável de todas, seja pela direita, seja pela esquerda. Muito mais que Lula. Muito mais que Bolsonaro. Muito mais que toda a política brasileira. 

Pois nenhum político brasileiro é tão confiável que o Próprio Deus, o Político dos Políticos. O Presidente da República do Universo. O Gigante Invisível que controla tudo e todos.

Acredite, se quiser.

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