Com isolamento, Instagram se transforma em altar de orações

O ser humano não foi feito para viver isolado. Necessita de viver em grupos, estar no meio de multidões e variar de lugar, se deslocando para a maior variedade de espaços possíveis. Quando isso não acontece, tende a se deprimir, a surtar e enlouquecer. Isso quando não se mata.

Falamos aqui em outra postagem que a fé religiosa é um tipo de loucura socialmente aceita. Acreditar em histórias mirabolantes, seres fantásticos e ter a certeza que o universo é controlado por um homem que vive se escondendo de nós, infelizmente é hábito de quase 90% da humanidade, ainda infantilizada e longe da verdadeira evolução de sua espécie.

Com apenas um milhõezinhos de anos, a humanidade ainda é um bebê aprendendo a usar o cérebro. Para que serve o cérebro? Para pesar a cabeça? Talvez. Pois ele ainda é pouquíssimo usado e o hábito de pensar, questionar, raciocinar, comparar e verificar é ainda ridicularizado por muita gente. Normal é acreditar é "ter fé". A cobra falante ainda consegue convencer muitas almas a entrar na sua.

Este blog não tem Instagram, mas os membros tem. Não vamos divulgar porque são perfis pessoais, não profissionais e não raramente usamos para pesquisa de como as pessoas se comportam. E elas estão se comportando muito mal. Quando mais precisamos da racionalidade, vem a danada da fé arrebatando aqueles dispostos a acreditar para se salvar. Acreditar não exige esforço.

Fico imaginando o que vai acontecer quando todos voltarem às ruas. Um bando de zumbis cristãos, todos de braços abertos, aceitando a época atual como se fosse um novo "Apocalipse", aguardando a aparição repentina de Jesus para levar toda a humanidade para a "Terra Prometida", certamente em uma dimensão física diferente da real. Quanto delírio, quanta ilusão!

Estamos lendo no Instagram - ou Estragam, para os "mais íntimos" - inúmeras postagens com pessoas manifestando sua louvação e adoração. O desespero de uma doença nova e altamente mortal leva as pessoas a procurarem uma solução aonde não existe, já que eles ainda não conseguem ver alguma certeza de cura no mundo real.

Isso é ruim, pois irá causar um imenso retrocesso humanitário que pode travar a capacidade racional da humanidade. Já é uma certeza que a capacidade de raciocinar estará atrofiada, caso não se acabe. A religiosidade tem sido manifestada ad nauseam em todas as redes sociais, em oposição a textos lógicos que, mesmo existentes, são escassos ou tem visibilidade reduzida.

Claro que o instinto humano, nos momentos de desespero, trava o cérebro e recorre a divindades ou ao invisível cósmico para procurar ajuda. É um sinal que ainda somos muito primitivos, pois os homens das cavernas faziam isso e a Idade Média consagrou este hábito. Somos ainda bem instintivos e nessas horas de emoção intensa, o cérebro para de funcionar adequadamente.

A grande lição que teremos após esta pandemia é que a humanidade nada evoluiu. É a mesma dos tempos mais primitivos. Sairemos desta mais egoístas, gananciosos, alienados e mais religiosos, acreditando em toda e qualquer liderança que se apresente como enviada de Deus e de Jesus. E assim adiaremos a evolução prometida para este século. Adiaremos para daqui a Trilhões de anos, talvez...

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